terça-feira, dezembro 26, 2006
Sem Loção de NatalApós receber uma ligação fofa de Noiva do Ano, eu comento: - Nossa, o povo liga pras pessoas. Que coisa... eu não ligo pra ninguém no Natal, nem mando recado, nada. Só respondo as mensagens que me mandam. Confissões de um ser sem coração no Natal. Praticamente o Grinch. Pentel concorda: - É, nem eu. Imagina, isso deve dar um trabalhão. Cunhado Sem Loção reflete por um segundo e dispara: - As pessoas ligam no Natal, né? Vou até desligar o meu celular. Tá, ele ganhou de nós. Tão sociável. Não é à toa que entrou pra família.
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quinta-feira, dezembro 21, 2006
Branquinho na salaEstava eu outro dia tranqüila e calma vendo TV ni qui eu vislumbro, debaixo da estante da sala, uma coisinha pequena, branca e redonda. A primeira coisa que pensei foi que era uma pipoca, de alguma pipoca que eu tinha comido na sala, que tivesse caído do saco, rolado e ficado perdida debaixo do móvel. Estranho porque eu não como pipoca há séculos e porque minha casa é limpíssima. Eu varro o chão, juro. Então que diabos era a coisa branca? Cheguei perto pra ver e era um ... dente. É. Um DENTE, dente, desses branquinhos, dente, que mora dentro da boca. Então. Cara, imediatamente chequei a minha própria boca pra ver se não tinha nada faltando. É ridículo, eu sei, mas era um dente, eu já tenho trauma dos blocos que caem, então, sei lá. Mas não, o dente não era meu. Alguns segundos com aquela coisa na palma da mão, meus dois neurônios, Bruno e Marrone, tadinhos, quase em seu recesso de fim de ano, pensando horrores pra decifrar como um dente pararia no chão do meu apartamento... aí eu lembrei que no dia anterior eu tinha futucado uma coisas velhas dentro do armário e espalhado tudo pelo chão da sala. O que um dente tem a ver com isso? Bem, eu tinha mania de guardar os dentes que caíam da Sassá, minha cã preciosa. Então. O dente é um dente antigo da Sassá, guardado, que pulou no meio das minhas coisas velhas. Assim espero eu. O engraçado foi no dia seguinte. Eu larguei o tal dente em cima da mesa, porque fiquei sem saber o que fazer: se guardava novamente o dente da Sassá, ou se ia ter coragem de jogar fora. Ficou em cima da mesa, enquanto eu não decidia. Aí Mister M, a faxineira, que tinha acabado de chegar, de repente me chama: - Fernanda? - Sim, Mister M. O que foi? E ela, provavelmente, coitada, achando que estava na casa de uma vuduzeira: - Isso daqui é um... dente? E aparece ela com o dente na mão, embrulhado no guardanapo. Ahhhhhhh, Mister M... como você vai sair dessa agora?
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domingo, dezembro 17, 2006
O LibHoje eu vou falar de uma coisa que eu sabia que existia, mas nunca tinha visto. Assim, que nem nota de 100 reais, cabeça de bacalhau, convite de graça pra festa de reveillon... Estou falando do LIB. Vocês sabem o que é o Lib? O Lib é um sutiã que vende em farmácia. Na embalagem, está escrito “modelador de seios”. A embalagem, do Lib, aliás, é um capítulo à parte, cheio de coisas breguéeeerrimas e bizarras. Por exemplo, está escrito assim “os mamilos podem ou não ser cobertos dependendo da sensualidade que você quer transmitir”. Em outras palavras: dependendo se a mulher quer ficar com os peitos de farol aceso ou não. É sério mesmo que isso está escrito na embalagem de um produto, cara? O tal do Lib é uma coisa adesiva colada no peito. Uma amiga minha do trabalho comprou pra usar com uma roupa de casamento. Foi a sensação do ambiente de trabalho, rodou na mão de todo mundo! O Lib, não a minha amiga. Uma outra amiga disse que já tinha usado, que até era legal, o problema foi na hora de tirar. “Dói muito pra arrancar”, disse ela. Que animado... Então acabou a noite de uma pessoa que sai com um negócio desses aí. Imagina: vira pro namorado e fala: “Amor, só um instantinho que vou ali no banheiro”. Aí dali a dois minutos o cara ouve um grito de terror: “AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHIIIIIIEÊEEE!!!!” e aí ele o quê? Sai correndo, né? No mínimo. Pode também pegar uma vassoura e espancar a mulher muitas vezes pra ver se o corpo sai daquele demônio. Mas foi a comoção do expediente de sexta-feira aquele troço. Aí... digam o que disserem, eu não sei se ia achar maneiro andar com um troço colado nos peitos. Juro que ia pensar que todo mundo tinha se transformado de repente em super-homem e que todos estavam rindo loucamente sem eu saber daquelas fitas crepes coladas em mim. Tô fora. Se bem que se um dia eu resolver experimentar vai dar um post sensacional.
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quarta-feira, dezembro 13, 2006
O golpePapai Joselito contava que, outro dia, recebeu uma daquelas ligações em que bandidos se fingem de policiais... e dizem que alguém da família sofreu um acidente, pra depois dizer que está sequëstrado, pedir dinheiro... essas coisas que vêm juntas. A ligação foi de madrugada, lá pelas duas da manhã: - O sujeito falou que estava com uma pessoa da minha família, acidentada... que era uma major-não-sei-do-quê... Eu, mobilizada: - Nossa, pai! E você? - Ah, disse a ele: "pessoa da minha família? Sei... Olha eu vou desligar, tá?" E desliguei. Eu sabia que era golpe. Que bom. Papai não se assustou. Ele é safo. Não cai no conto da bandidagem. Mas esperaí... - Pai, quando foi isso? Quando ligaram? Ao que Papai responde, tranquilamente: - Faz assim uns dois, três dias. ! - E você nem me ligou pra saber se eu estava mesmo bem? Pra checar? E ele, calmo e parado feito água de poço: - Ah... eu não, filha. Sabia que era golpe. Taqueopariu... tudo bem não acreditar na parada... mas daí a não ligar pra filha, assim, só pra garantir que não era ela ensagüentada em pedacinhos no meio da Linha Vermelha... e só ter certeza três dias depois... só Papai Joselito mesmo. Sem noção.
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domingo, dezembro 10, 2006
Contos de MetadinhaMetadinha a cada dia revela uma, digamos, faceta desconhecida. Outro dia, ele estava contando que encarnava uma personagem feminina na internet. Ou, no popular, ele se fazia passar por mulher pra conhecer homens. Conheceu muitos assim. Os sujeitos ficavam malucos, se apaixonavam pela metadinha menina do Metadinha. Ele chegou a marcar encontro e ficar lá, observando o sujeito esperando a mulher maravilhosa que tinha combinado o cinema, a pizza ou sei lá mais o que. E eu que pensei que essa história de que as pessoas mentem pela internet fosse lenda. Afinal, qual o propósito de mentir? Se a coisa se concretizar, ou seja, se for marcado um encontro, a pessoa será descoberta mesmo... O propósito? Bom, com Metadinha, fiquei sabendo que isso pode ser um bom negócio sim: ele chegou a namorar um cara que conheceu nesse esquema, fingindo que era mulher. Um cara que sempre foi hetero. Pegador. Mas aí, sabe como é... se apaixonou por Metadinha e olha só no que deu. O mundo é gay, Wanderley! A metade mulher de Metadinha tinha rosto e corpo. Eram os de uma vizinha dele, que ele chamava pra tirar fotos de vez em quando. Ele tirava as fotos da vizinha e depois mandava pros caras, dizendo que era ele. A vizinha era conivente, sabia de tudo e topava ajudar Metadinha na brincadeira. Ah, sim. A metade mulher de Metadinha tinha um nome, claro. Era... Fernanda. Gente. Eu sou praticamente a metadinha perdida do Metadinha! Sabia que um dia eu ainda ia me descobrir.
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quarta-feira, dezembro 06, 2006
Bichos estranhosO papo era sobre acreditar ou não em Papai Noel. A maioria na mesa tinha acreditado quando era criança. Eu não. Eu só acreditava em fada. Inclusive um dos traumas da minha infância foi ter descoberto que a fada não tinha transformado em pedra uma tartaruguinha que eu tinha, e sim que Mamãe Joselita tinha soltado ela num terreno baldio porque ouviu falar que tartarugas estavam “dando doença nas crianças”. Foi um duro golpe pra mim que, naquela época, ainda tinha um coração. Contei isso e aí o papo descambou para bichos que as pessoas já tinham tido. Suely do Caminhão disse que uma vez teve uma tartaruga também, mas era uma tartaruga grande. Chamava Jorge Tadeu. Um dia Jorge Tadeu estava muito quieto. Foram olhar mais de perto e ele estava com os olhos cheios de formiga. Tinha morrido e ninguém tinha notado. Ai, meu São Francisco das Histórias Tristes. Que agonia! Quando eu pensei que essa tinha sido a história campeã, Veia Saltada declara, solenemente: - Eu criava baratas. Anh? Ba-ra-tas? Aquele bicho castanho e nojento que desaparece embaixo dos móveis? - Como assim? - É, eu criava baratas. Eram baratas limpinhas que não ficavam andando em qualquer lugar. Que eu tinha criado desde pequenas. Era as minhas baratas. Ah, que bonito. Limpinhas. E quando você pensa que a história não pode ficar pior... - Começou porque eu era muito curioso. Eu tinha uns escorpiões e umas cobras, esses mortos, claro, em vidros. Um dia, achei uns ovinhos e resolvi colocar dentro de um pote, para ver o que era. Nasceram várias baratinhas. Aí... que nojo! Baratinhas saindo dos ovinhos. Juro que até aquele dia essa imagem nunca tinha me passado pela cabeça. Mas agora passou. E eu podia ter passado sem essa. A história continuou... - Um dia, eu fui viajar. Deixei água e comida para as baratinhas... Pára. Água e comida? Eram praticamente cachorros. Cachorros marrons, cascudos e pequenos. Quase Chiuauas. Perguntas óbvias: - O que barata come? Barata bebe água? É bonito um mundo com baratas? Mais coisas sobre as quais eu nunca deveria ter pensado. Acho que a minha vida seria melhor se eu tivesse continuado a associar barata apenas a spray de inseticida, chinelos e gritos histéricos. - Eu as alimentava com açúcar. E barata bebe água, sim. Que coisa... - Mas então... fomos viajar. Acho que deixei pouca comida e água, porque quando cheguei elas estavam secas dentro do vidro, mortas. Começou como uma brincadeira, mas quando eu vi que elas tinham morrido fiquei triste. Ô, dó. Tinha pegado amor com os bichos. Quando a gente pensa que tem uma história bizarra, aí vem alguém e conta uma coisa pior ainda. Tudo sempre pode piorar. E nada nessa vida é simples. Nada.
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sexta-feira, dezembro 01, 2006
Conto curto da Família JoselitaÉ conto curto porque a inspiração hoje é zero. Rosca. Era isso ou nada. Não reclamem que reclamar é feio e deve ser pecado. Melhor: quem for reclamar, reclama dessa bosta de chuva que não pára de cair. São as chuvas de novembro, fechando a primavera. Ô ô. Era só o que me faltava mesmo. Tá, o conto. Titia Joselita fez uma operação no coração, pra consertar uma coisa sbbrubbles que eu não sei o que é, mas que a mataria se ela não tivesse feito a cirurgia. Coisinha assim básica nesse nível. Então estava ela lá, se recuperando e recebendo visitas. Um dia, foi uma prima visitá-la. Bolinha vai, bolinha vem, e ela se queixou de que estava sentindo uma dor muito chata no peito. Alguém que estava por perto disse: - Ah, mas isso é assim mesmo. Você acabou de ser operada. Com o tempo, essa dor vai passar, você vai ver. Essas coisas que, ainda que você não entenda la-da, você diz a uma pessoa em recuperação. Aí a tal prima Joooselita: - Ih, não! Porque o fulaninho, meu marido, operou o coração há cinco anos e até hoje sente muitas dores. Sem loção, cara. A pessoa que fala uma coisa dessas teve mãe um dia? Não teve. Nunca teve a menor mãe. Nem infância. Nunca decorou a casa com árvore e bolinhas coloridas. Não foi ao shopping ver como estava bonito. Não. Uma pessoa dessas é o quê? O Grinch, aquele que odiava o Natal. Eu acho.
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