sexta-feira, novembro 21, 2008
Contos de MiniPentelOutro dia eu tomava conta de MiniPentel e chegou a hora de pintar. A hora de pintar é quando escurece e já que a dinda estava lá, a dinda prepara tudo para o momento arte moderna. Então forrei a mesa, peguei as tintas, um avental pra criança não sair com a roupa inutilizada e um copo pra colocar água dentro e limpar o pincel. Peguei um copo de requeijão daqueles vagabundos e comentei com ela: - Não sei se é isso que a sua avó usa quando vai pintar com você. E ela: - Não... ela usa um de plástico. - Ah, MiniPentel, mas vou usar esse mesmo, não sei onde está o de plástico. - Será que a vovó vai brigar? - Não vai, não... se ela brigar, eu dou outro copo pra ela. Lá em casa tenho um monte desses que não uso. Aí começam os porquês: - Por que você não usa os copos? - Porque eu sou uma só e eu tenho muitos copos desses. - As suas amigas não vão na sua casa? Gente. Não acredito que um serzinho que não tem nem quatro anos está argumentando comigo... - Vão, mas eu tenho mais de 10 copos desses. - E você não tem mais de 10 amigas? Pior é que tenho. Desde que eu arrumei um coração, arrumei também amigos. E arrumei uma sobrinha que raciocina, discute comigo e ganha. Quando ela tiver 10 anos, vai me ensinar a resolver problemas mais complexos, como não perder a paciência com aqueles desprovidos de loção ou não começar a sofrer agora porque daqui a uns dias meus sisos irão.
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domingo, novembro 09, 2008
Meus dias na Europa - o fimAinda não tinha cabado, tolos. A última parada não foi Amsterdam, foi o Reino Unido. Primeiro a Escócia, depois a Inglaterra. Na Escócia, ficamos em Aberdeen, na casa de uma amiga de Ana Pôla. Que lugar lindo. Sem dúvida, a melhor parte de viagem. Lá vimos um monte de castelos, o Mar do Norte, umas paisagens de filme. A qualquer momento, parecia que ia emergir dos campos o Mel Gibson gritando "Freeeeddom!!!". Apaixonante. Apaixonante também o casal que nos abrigou lá, a amiga de Ana uma brasileira engraçadíssima e o marido dela, um inglês, mais um daqueles estrangeiros tentando falar português. Eles foram eleitos as pessoas mais pacientes que conheço: levaram a gente pra tudo quanto foi lugar, sem sinal de cansaço. Dois dias foram muito pouco, logo tínhamos que partir pra Londres. Londres é um lugar onde eu tenho que voltar, porque eu já estava tão cansada, mas tão cansada, que era mais tolerância zero do que costumo ser. Achei tudo muito esquisito. Eles não têm o menor jogo de cintura pra absolutamente nada. Peguem o que já disseram sobre a rigidez do povo inglês e multipliquem por 10. Eu, hein. A maioria dos lugares têm mínimo pra pagar com cartão, ou não deixam dividir a conta em vários cartões, é um tal de simplesmente não pode que cansa. E os ônibus, aqueles vermelhinhos de dois andares que a gente vê no cinema? Só dá pra entrar neles se você tem dinheiro trocado, tá? Porque a maquininha que vende o tíquete no ponto só aceita trocado, então se você não tem trocado, POBREMA SEU, vai comprar um café pra trocar, pobre. E isso debaixo de chuva. A essa hora, quando você perceber que está sem trocado, já começou a chover. Sim, porque você está andando e de repente chove. Sempre chove. Nunca não chove. Apesar disso, do meu cansaço e tal, adorei ver o Big Ben, o Palácio de Buckingham, tirei uma mil e quinhentas fotos dessas coisas da realeza que a gente cresce vendo na TV. Tirei foto em Greenwich, com um pé no Ocidente e outro no Oriente. Me diverti HORRORES no museu de cera e quis ter mais um dia pra ficar o dia inteiro no British Museum. Não foi a cidade de que mais gostei, mas preciso voltar lá pra explorar mais. Depois de Londres, era hora de voltar ao Brasil. Já estava sentindo falta da minha casinha e das pessoas falando a minha língua, mas adorei essa história de viajar pra longe, bem longe. Está aí um dinheiro bem gasto na nossa vida.
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domingo, novembro 02, 2008
Meus dias na Europa - parte IIIAmsterdam é uma casinha de bonecas, como costuma dizer TodaFashion, que me abrigou por lá. Aqueles canais, aquele monte de bicicletas te atropelando, casas-barco, tudo igualzinho na novela. Lá tudo se faz a pé ou de bicicleta. No fim dos três dias, eu já dominava a cidade. É muito fácil andar lá e o povo fala um inglês bom de entender. Para decepção geral, não experimentei o bolinho de maconha e nem entrei numa cofee-shop, que é onde o povo vai pra fumar. Amsterdam foi meu momento cultural, onde babei litros em frente às obras originais de Rembrandt, Van Gogh e outros pintores que a gente cresce vendo em ilustrações por aí. Na casa da Anne Frank, descobri que deve ter algum judeu lá nos meus patrasmentes, porque chorei de forma vergonhosa. E olha que nem li o livro. No Vondelpark, cansadas, nos jogamos em um banco do parque e de repente várias pessoas passavam pela gente e riam. Ficamos tentando decifrar o porquê. Pensamos que estavam achando graça da gente ser turista, estar tirando trocentas mil fotos, sei lá. Enquanto isso, umas pessoas esquisitas pararam uma bicicleta bem na nossa frente, e ficaram conversando, de vez em quando olhando pro nosso banco. Quando caiu a ficha de que a situação estava meio esquisita, nos rendemos e levantamos. Ato contínuo, as pessoas esquisitas ocuparam o banco. Tenho certeza de que aquilo ali deve ser um ponto de venda de drogas famosérrimo e as turistas otárias não sabiam. Por isso o banco estava vazio antes. E por isso todos passavam rindo. Deve ser igual a quando a gente vê turista admirando a escada supercolorida da Lapa, ponto preferido dos meninos de rua cheirando cola. Turista é turista em qualquer lugar. ---- Holandês Voador, marido de TodaFashion, é uma figura que fala português, mas sempre rolam aquelas histórias engraçadas de estrangeiros que não sabem falar bem a língua. No primeiro almoço em Amsterdam, choramos de rir com um episódio que eles relembraram. Contam eles que estavam uma vez no carro com a família de TodaFashion e que Holandês fazia um discurso inflamado sobre como na Europa as pessoas têm oportunidade de crescer. Pra ilustrar o que queria dizer, ele fala: - Vocês vejam só, eu, um simples filho de CARNEIRO, consegui ser bem sucedido, hoje sou executivo de uma empresa. Aí rolou aquele silêncio, as pessoas ainda sob o impacto dessa revelação, quando TodaFashion esclarece: - Não, Holandês... em português, que trabalha vendendo carne é AÇOUGUEIRO, não carneiro. Foram três dias muito divertidos. --- Em Amsterdam, foi onde eu comprei uma camomila pra plantar em casa. Vem em uma embalagem fechada a terra e o saquinho com sementes, você planta as sementes na embalagem mesmo. Quando abri o tal saquinho, vi que as sementes eram minúsculas, aí já não sei se é assim mesmo ou se comprei uma macumbada. Na embalagem diz que vocês planta a semente e espera de duas a três semanas pra germinar. Ou seja, eu vou ficar com esse saco de terra aqui mais quase um mês até descobrir se deu certo. Comprei também uma tulipa no mesmo esquema, só que a tulipa é pior: você precisa guardar a embalagem na geladeira por OITO SEMANAS, e só aí plantar, e só aí esperar mais três semanas pra ver se germina. Olha. Eu não sabia que os holandeses eram tão pacientes. Deve ser por isso que lá os cordeiros se tornam executivos.
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