AtropelamentosNunca fui atropelada por carro, mas na categoria "atropelamento por coisas bizarras" eu gosto de concorrer. Leitores mais antigos lembram-se, claro, do atropelamento bicicletal em 2004, quando um ciclistazinho lazarento de meia tigela me derrubou e eu quebrei o pé. Aí pra me vingar, alguns anos depois eu adotei andar de bicicleta como hobby e um dia fui atropelada por uma criança. Juro. Ela se jogou em cima de mim, me machucou e saiu correndo alegremente, porque crianças são feitas de borracha.
Mas outro dia me superei. Voltando pra casa de um jantar agradável no melhor japa ever, chego na portaria do meu prédio e de repente vem correndo na minha direção um singelo rato. Não sei se vocês sabem, mas nessa hora o tempo para e você pensa várias coisas: "por que eu entrei por essa portaria?", "pra onde eu posso correr?", "morde?", "o que eu vou dar de presente de natal pro meu pai?", e toda a sorte de coisas. Após o milésimo de segundo em que tudo isso passou pela minha cabeça, eu percebi que fato era que o monstro continuava vindo, e emiti um guincho que muito provavelmente deve ter assustado o bicho sobremaneira. Mas não teve jeito: ele continuou correndo e escolheu passar EM CIMA DO MEU PÉ. Que meigo. Até agora, lembro da sensação daquela coisinha fofinha passando.
O melhor foi o porteiro, meio minuto depois, eu quase infartando na frente dele e ele, com os olhos injetados: "Um rato". É, mané, um rato. Da próxima vez, faz alguma coisa. Sei lá. Eu devo ter feito chapéu com a palha da manjedoura pra merecer isso.
O que não fazer nas entrevistas de emprego - parte 1Hoje vou escrever um post didático. Pra ajudar as crianças que procuram estágio ou até colegas adultos que precisam de emprego. O tema é: o que NÃO fazer em uma entrevista.
Pois é, gente. Sinto que estou desperdiçando material, porque eu tinha que juntar tudo isso, um dia escrever um livro e ganhar algum dinheiro. Porque apesar dessa minha tez de ninfa bebê, eu entrevisto candidatos a estagiário há muito tempo e são muitas histórias, tanto que provavelmente nem vou lembrar de todas. Mas aqui vão algumas recentes.
Essa semana, entrevistei algumas pessoas. O primeiro candidato era perguntinha. Eu falava cinco palavras e ele fazia uma pergunta. Queria saber como tudo funcionava. Tooodos os detalhes. Existe um ponto em que a pessoa, quando pergunta demais, deixa de ser interessada e passa a ser só chata mesmo. Infelizmente, não sei dizer exatamente qual é, também não pode ficar calado o tempo todo, porque dá aflição no entrevistador. Vai do bom senso de cada um saber o quanto falar. Ah. O bom senso. Tão em falta no mercado. Se fosse vendido, estaria pela hora da morte.
O perguntinha perguntou muitas coisas. Quando eu disse que ele ia apurar e redigir matérias (sério que eu tenho que dizer isso pra um candidato a estagiário de Jornalismo? Mas eu digo, senão depois eles dizem que não sabiam qual era o trabalho), ele retrucou: "Mas tem um treinamento antes, né?". Tem, chuchu. É a sua faculdade. Você estuda isso, aí no estágio você faz. Quando perguntei quais eram as expectativas dele, o que ele esperava do estágio (pergunta clássica de toda entrevista, por favor, preparem-se para essa pergunta), o sujeito: "Olha, sinceramente, não tenho a menor ideia, não sei o que esperar, minha sogra que me avisou dessa vaga". Entenderam o que não dizer? É isso.
Aí teve uma outra candidata, até boazinha, que falava direito das coisas que ela já fez na vida, se expressava bem e tal, mas quando eu falei que talvez ela tivesse que trabalhar em Vila Isabel parecia que eu tinha dito que ela ia ter que assar cookies de cocô. Senti um clima estranho e perguntei: "Algum problema em relação a isso?" E ela: "Não, quer dizer, mais ou menos, é que eu moro longe e eu nunca fui a Vila Isabel, não sei ir lá". Porrrrr....! Se numa entrevista dizem que eu tenho que ir no vale dos sacis eu digo "claaaaro, como não" e depois vou pesquisar folclore nacional pra ver onde fica isso, caceta . Tem no Google Maps, não tem nem mais que pedir o Guia Rex amarelado do seu pai.
Vocês podem imaginar que, no fundo, eu me divirto. Em dias de bom humor, claro. A diversão começa na seleção de currículos, com coisas como cursos de "Acessória" de Imprensa e faculdade no campus Rio CUmprido. E termina nessas entrevistas róseas e fofas.